domingo, 24 de janeiro de 2010

cacos.

Eu estava conversando com ele ainda há pouco. Eu falava com toda a vivacidez e vontade, me agachando, pegando os pedaços do nosso relacionamento, tentando juntar todos os pedacinhos pra colar de volta enquanto ele me perguntava se eu não cansava, passando por cima dos pedaços que ainda estavam no chão fazendo-os ficar ainda menores, difíceis de pegar ou colar. Mas ainda com aquela vontade, com aquela fantasia, com aquele sonho, eu não desistia. Continuava me agachando, tentando colar, imaginando como seria depois de tudo colado, pedindo pra ele ao menos parar de andar em cima dos caquinhos, perguntando se ele não sabia como seria bom quando tudo estivesse consertado... Não tem conserto, ele me dizia.
Então ele foi embora. Prometeu que ia tentar pensar no assunto. Fiquei de joelhos, nos cacos, chorando e colando. Quando quase tudo estava consertado, me dei conta de que faltavam pedaços. Provavelmente estavam na sola dos sapatos dele. Agora tenho que esperar...
Esperar pra ver se ele vai voltar. Esperar pra ver se ele virá com o mesmo par de sapatos. Esperar. Torcer pra que ele não perceba que está com os cacos que eu tanto preciso, pois sempre há a possibilidade de ele joga-los fora. Fantasiar sua chegada com os pedaços na mão, dizendo "Conserta, eu quero ficar". Esperar. Torcer. Fantasiar.

1 comentários:

Kine disse...

Essa coisa de cacos é sempre complicado, pode até chegar a concertar, mas nunca é igual, assim como quando você prega pregos na madeira, se vc retirar os pregos, as marcas continuam e a madeira nunca será igual! Com os cacos é a mesma coisa, ele sempre vai estar inteiro na memória na verdade os pedacinhos vão se perder e ficarem mal colocados, mesmo estando todos lá. =/