quinta-feira, 30 de abril de 2009

Caio Fernando Abreu.

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Fecho os olhos, faz tanto bem, você não sabe. Suspiro tanto quando penso em você, chorar só choro às vezes, e é tão freqüente. Caminho mais devagar, certo que na próxima esquina, quem sabe. Não tenho tido muito tempo ultimamente, mas penso tanto em você que na hora de dormir vezemquando até sorrio e fico passando a ponta do meu dedo no lóbulo da sua orelha e repito repito em voz baixa te amo tanto dorme com os anjos. Mas depois sou eu quem dorme e sonha, sonho com os anjos. Nuvens, espaços azuis, pérolas no fundo do mar. Clack! como se fosse verdade, um beijo.

Caio Fernando Abreu.

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Tudo fica mais cinza, mais triste, sem graça e sem cor sem seu abraço e palavras para dividirem o pouco que sei. Não sei o que mais me faz falta, se é seu toque em meu cabelo ou a falta de sua imagem cristalina em minha mente.

Caio Fernando Abreu.

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Outra coisa que eu penso quando me lembro daquelas uvas cor-de-rosa é que, na vida, as coisas mais doces custam muito a amadurecer.

Caio Fernando Abreu.

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Não acho bonito que a gente se disperse assim, só isso. Encontre, desencontre e nada mais, nunca mais, é urbano demais.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Caio Fernando Abreu.

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Olha, eu estou te escrevendo só pra dizer que se você tivesse telefonado hoje eu ia dizer tanta, mas tanta coisa. Talvez mesmo conseguisse dizer tudo aquilo que escondo desde o começo, um pouco por timidez, por vergonha, por falta de oportunidade, mas principalmente porque todos me dizem que sou demais precipitado, que coloco em palavras todo o meu processo mental (processo mental: é exatamente assim que eles dizem, e eu acho engraçado) e que isso assusta as pessoas, e que é preciso disfarçar, jogar, esconder, mentir. Eu não queria que fosse assim. Eu queria que tudo fosse muito mais limpo e muito mais claro.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Caio Fernando Abreu.

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Não lembrar dos que se foram, não desejar o que não se tem e talvez nem se terá, não discutir, nem vingar-se, e temperar tudo isso com chás, de preferência ingleses, cristais de gengibre, gotas de codeína, se a barra pesar, vinhos, conhaques...

da série: músicas que falam por mim.

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eu respiro tentando encher os pulmões de vida, mas ainda é difícil deixar qualquer luz entrar.
ainda sinto por dentro toda a dor dessa ferida, mas o pior é pensar que isso um dia vai se cicatrizar.
eu queria manter cada corte em carne viva. a minha dor em eterna exposição.
e sair nos jornais e na televisão, só pra te enlouquecer até você me pedir perdão.
eu já ouvi 50 receitas pra te esquecer que só me lembram que nada vai resolver.
porque tudo, tudo me traz você.
e eu já não tenho pra onde correr.
o que me dá raiva não é o que você fez de errado. nem seus muitos defeitos, nem você ter me deixado.
nem seu jeito fútil de falar da vida alheia, nem o que eu não vivi aprisionado em sua teia.
o que me dá raiva são as flores e os dias de sol.
são os seus beijos e o que eu tinha sonhado pra nós.
são seus olhos e mãos, e seu abraço protetor. é o que vai me faltar.
que fazer do meu amor?

[ 50 receitas - leoni ]

da série: músicas que falam por mim.

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nada vai mudar entre nós. como eu sei? eu só sei.
tudo vai permanecer igual, afinal não há nada a fazer.
eu não nego, eu me entrego, você é meu grande amor.
e hoje eu vou te dizer 'eu te amo'.
eu imploro, eu te adoro,
você tem meu coração a bater por você mais uma canção.
como pode alguém perder você como eu fiz?
como eu quis não te ter?
vivo iludido a acreditar que o amor não se pôs em você.
eu me entrego, eu não nego,
eu errei mas sou capaz de fazer sua vida melhor.
tô voltando, não sei quando, pra roubar teu coração.
vou chegar no final de mais uma canção.

[mais uma canção - los hermanos]

Caio Fernando Abreu.

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Palavras não descrevem os olhos, as bocas, os braços e abraços, nem a alegria até então desconhecida, surgida de um (re)encontro. Pra quem, há dias atrás, refletia tanto as obras do acaso, hoje compreende que realmente, o acaso não passa de um simples nada, e acredita em algo bem maior que isso. Que levará à um próximo reencontro, sem sombra de dúvidas. Mas até lá, todas as músicas cantadas estarão na mente, todos os sorrisos que ainda não acreditavam no que estava acontecendo, todos os olhares que transpareciam toda a magia do momento.


(perfeito)

segunda-feira, 27 de abril de 2009

and you're my night sky.

- Vamos ficar pelo menos um pouquinho, senão vai parecer desfeita pro primo dele.
O Fael sempre pensava na parte que eu não conseguia: o que as pessoas achariam.
- Tá, só um pouco.
Quando cheguei na mesa e eles me cumprimentaram, entendi que já sabiam quem eu era. E entendi que você me trataria ainda mais estranho.
Vocês conversavam alguma coisa que eu não prestei atenção, e o Fael e eu olhávamos o cardápio.
- Caipivodka? - eu precisava beber mais.
Fael concordou. Ele começou a entrar no seu assunto e eu ali, boba, com uma vontade imensa de sair correndo e apagar aquele dia da minha memória. Ou melhor, apagar tudo que te incluísse da minha memória. Sorria, fazia uma carinha agradável, afinal seus primos já deviam ter uma imagem ruim o suficiente de mim pra que eu chegasse ali e ainda fizesse a minha cara blasé habitual.
As caipivodkas chegaram e daqui pra frente me desculpo, mas não poderei contar muitos detalhes. É que a memória e a vodca não ajudam.
Tentei entrar no assunto, mas meus palpites não passavam de "é!" e uma risadinha, ou só um sinal com a cabeça. Não me sentia a vontade. Seu olhar me fazia ter vontade de desaparecer.
- Amanhã vou cedo pra BH e posso dar uma carona pra vocês. - seu primo ofereceu e tivemos que negar.
Você fez aquela cara de raivinha que eu conhecia bem.
- Não posso, minha mãe não deixa.
- Pedro, posso falar uma coisa?
Eu já sabia que seria algo sobre mim.
- Muito prazer, tá?
Eu ri. De nervosismo, de achar graça também.
- Ah, o prazer é todo meu.
Então ele disse algumas coisas que agora me parecem confusas (não sei se porque ele disse meio bêbado ou eu ouvi meio bêbada). Mas acho que era algo sobre eu nunca ter saído com vocês.
- Minha mãe não deixa mesmo, e meu pai é chato. Só vim aqui hoje porque ele tá viajando.
Ele disse que entendia e começou a contar a história do namoro dele. Admito: senti uma invejinha branca. Me dirigi à você:
- Meu pai não podia confiar em você. Você nunca foi conversar com ele.
- Não podia confiar em mim? - você fez aquela cara de mais bravo ainda.
Acho que eu já tava bem solta por causa da vodca, e isso era perigoso. Principalmente com você me tratando daquele jeito.
- Quero chorar. - toda hora sussurrava isso pro Fael e ele, no maior carinho do mundo, segurava minha barra.
- Não chora, não chora.
Não chorei. Não foi fácil. Aliás, você fazia tudo ficar mais difícil do que já era. Seu jeito de me olhar, de falar comigo ou sobre mim... tudo me confundia e me deixava chateada. Com a impressão de que eu definitivamente não devia estar ali.
Fui ao banheiro e o Fael foi atrás. Acho que ele tava com medo que eu passasse mal ou chorasse, não sei. A verdade é que eu queria ficar escondida em qualquer lugar onde você não estivesse. Quando saí, o Fael me esperava na porta. Acho que perguntou se estava tudo bem. Eu disse que queria ir embora, que tava chateada, que queria chorar. Ficamos conversando bons minutos, e fui percebendo que eu não queria ir embora: só queria te abraçar. Depois de tudo que passamos, acho que não era pedir muito, era?
Voltamos pra mesa, e você falou:
- Demoraram, hein!
- Estávamos conversando. - a sinceridade que a vodca me dá é incrível.
- Mais uma? - o Fael ofereceu.
- Tá. Se eu não conseguir beber tudo, você fica com o resto.
E bebemos. Fiquei ainda mais solta. Acho que seu primo já não tava com tanta raiva de mim. Me ajudou a beber o resto da caipivodka porque era visível que eu não ficaria bem depois de um copo tão cheio quanto aquele. Ah, em algum ponto que eu não me lembro chegou um outro primo seu. Esse me lembrava você, e eu gostei do jeito dele rir.
Como tínhamos que ir embora, você saiu pra pegar o carro do seu primo e nos levar até a rodoviária. Quando você não estava, o assunto melhorou (ou piorou?) um pouco.
- Pode ter certeza que o Pedro gostou dessa atitude de você vir aqui. - seu primo falava com o Fael, não comigo.
- E por que ele não fala comigo? - perguntei.
- Você é outra história. - acho que ele tomou suas dores. Com razão.
- Eu vim até aqui e ele tem que falar comigo. - mandona, teimosa, como sempre.
- Por que você não avisou que viria?
- Porque ele ia fugir de mim, como sempre.
- Se ele foge, para de ir atrás.
Doeu. O Fael falou alguma coisa pra me defender enquanto eu engolia aquilo.
- Ele tem coisas pra conversar comigo, do contrário não fugiria de mim. Somos adultos e temos que conversar direito sobre o que aconteceu. Não vim até aqui por nada. - maldita vodca que me deixava ainda mais folgada do que já sou.
Acho que ele entendeu. Começou a falar umas coisas sobre você, mas te vi chegando. E avisei pra ele, né.
Você chegou diferente, com o olhar mais doce. Você é maluco e me deixa maluca também.
- Fica até amanhã. - falou enquanto eu descia aquele degrau que pareceu mil vezes maior.
- Não posso, sério.
Vi sua cara de chato de novo. Mas nem liguei dessa vez. Não importava o que acontecesse, afinal eu estava preparada pra (quase) tudo: ia conversar com você sim. Bendita vodca.
Quando me despedi do seu primo e ele me abraçou, disse que queria conversar mais comigo, que ia pegar meu msn, que ia me ajudar. Não sei se foi papo de bêbado, mas na hora fez diferença pra mim.
Entramos no carro e você nos levou pra casa dos seus pais. Acho que até hoje você não entendeu que eu sou tímida! E eu estava bêbada, só podia dar errado.
O olhar surpreso dos seus pais e da sua irmã foi engraçado. Sua vó é muito fofa. Acho que fez diferença eu ter ido lá, você ficou mais doce, foi sumindo aquela cara de chato.
Enquanto sua mãe preparava café, o Fael te contava o que aconteceu sobre o melhor amigo dele e a namorada. E te lembrou de quando você dizia "eu tô fazendo a minha parte". Eu tava fazendo a minha, e acho que você entendeu.
Tomamos café e você já tava tocando em assuntos de quando namorávamos, ainda que fosse de um jeito meio distante.
Ficamos mais um pouco e depois nos despedimos de todos, que foram super gentis embora eu ache que não gostaram muito daquela situação.
Entramos no carro.
- Então, Ana Paula, pode falar.
- Pedro Henrique, o Fael precisa escutar?
- Ah, achei que não tinha problema.
- E não tem. Mas prefiro conversar só com você.
Fomos falando sobre nem sei o que até chegar na rodoviária. O tempo parecia voar agora.
Chegamos e nos sentamos em um canto lá, enquanto o Fael tentava falar com a namorada mais uma vez. Me sentei um pouco distante de você, acho que senti um pouco de medo.
- Pode falar. - o tom de voz gostoso voltou.
Você me puxou pra mais perto de você. Me abraçou.
- Não sei. Vim planejando tanta coisa e agora não consigo falar nada.
- Ah, alguma coisa você tem pra falar. - você achava graça!
- Eu senti a sua falta.
Não era isso que eu queria falar, não era isso que eu podia. Mas era o que eu precisava. Senti mesmo, muita, durante todo aquele tempo longe.
- Eu também.
Outra coisa que eu não esperava.
Começamos a conversar. É, as palavras vêm, eu não precisava ter planejado nada.
- Vim principalmente pra te pedir desculpa. Sei que fui muito grossa, estúpida, impulsiva...
- Orgulhosa. - talvez esse fosse o defeito que mais te desagradava. - Mas eu também errei muito.
- Errou sim, eu não disse que não. - ri e você ficou sério.
- Desculpa. - fazíamos carinho na mão um do outro.
- Já tá desculpado. Eu só queria vir conversar pessoalmente, acho que passamos muita coisa pra terminar só por telefone ou internet.
- Eu tentei te ver, lembra? Disse que ia lá pra conversarmos pessoalmente, mas você disse que não queria, que não ia me ver.
Eu fui mesmo uma idiota. Praticamente todo o tempo.
- É, eu sei... desculpa.
Você ficou mexendo nas minhas pulseirinhas, e eu me lembrei de quando passamos um dia inteiro andando na Feira Hippie porque eu queria pulseiras daquele jeito.
- Comprei umas pulseiras assim pra você... mas não tão chiques - engraçadinho.
Tirei uma do braço e coloquei em você.
- É pra você guardar.
- Pra usar até te ver de novo?
- É.
- Mas eu posso tirar e colocar quando for te ver.
Fiz cara de brava, e fiquei mesmo.
- Eu não vou fazer isso.
Era tão bom ficar ali abraçada com você, te fazer carinho, sentir seu carinho. Você era o meu Pedro de novo. Eu já estava chorando.
- Você não pode chorar, não lembra?
Chorei ainda mais.
- Toda vez que eu choro, lembro de você.
- Não pode chorar, porque princesas não choram.
Te abracei forte.
- Meu príncipe.
- Eu gosto muito de você.
Me incomodou todas as vezes que você repetiu aquilo.
- Olha pra mim. - puxei seu rosto. Você olhou nos meus olhos e eu vi aquelas cores tão bonitas que se misturavam nos seus. Eles também tinham lágrimas, eu vi.
- Eu te amo. - disse sem pensar muito. Mas acho que é assim mesmo que isso tem que ser dito.
- Eu também te amo.
Isso eu realmente não esperava. Nenhuma das vezes que imaginei a nossa conversa, te vi dizendo isso pra mim. E agora você disse, ali, abraçado comigo, olhando nos meus olhos. Não guardei todo esse amor em vão. E ter ido ali conversar com você valeu a pena, valeu muito a pena.
Te falei do quanto senti sua falta, e você me surpreendeu mais uma vez me falando do quanto sentiu a minha.
- Eu tenho medo de sofrer de novo. - no ponto da conversa em que você disse isso, desabei. Não era o que eu queria ouvir, mas como sempre, você estava sendo sincero.
Te abracei forte e chorava de soluçar. Você dizia pra eu parar de chorar, me fazia carinho, fazia bobeiras pra eu rir. Amo seu jeito de cuidar de mim. Fiz carinho no seu cabelo e fechei os olhos guardando aquele momento.
- Meu menino bobo.
Não conseguia parar de chorar.
- Eu não quero ir embora. - repeti isso tantas vezes.
- Por que?
- Porque vai ser tudo diferente. Não sei quando vou te ver de novo, quando vamos nos falar de novo. Queria ficar aqui, nos seus braços, só isso.
- Eu também queria. - senti amor na sua voz. - Mas não precisa ser tudo diferente.
- Você vai me ver?
- Vou. Sempre que eu for pra BH. Você vai vir aqui de novo. Vamos nos falar.
Por um momento aquilo me acalmou. O Fael veio avisar que tava quase na hora do ônibus chegar, e fomos pra fila comprar as passagens. Na frente dele você não me abraçava. Não foi bom. E eu te puxei pra me abraçar. Fiquei te mordendo, te apertando, matando a saudade de cada pedacinho seu. Eu senti tanta falta! Você disse algo sobre a vontade de ir pra França.
- Não, você não pode ir.
- Você vai comigo.
Tive vontade de ir com você, de não te soltar nunca mais. Você é meu.
- Você é meu, todo meu. - pensei alto demais, acho.
- Só seu.
- Mesmo?
- Mesmo.
O Fael voltou e ficamos conversando. Perto dele você agia de um jeito estranho, mas eu não podia reclamar, era natural. Te mordi forte e você reclamou.
- É pra você lembrar de mim.
- Não precisa me morder pra isso, eu vou lembrar.
O ônibus chegou. Você e o Fael se despediram e eu fiquei ali esperando que você fizesse alguma coisa. Não fez. Te abracei forte, praticamente pulei no seu pescoço. Ficamos assim, abraçados, grudados.
- Me beija.
E depois eu entrei no ônibus sem falarmos mais nada.

A viagem de volta me fez pensar muito, me fez suspirar ainda mais. E desde que cheguei aqui não consigo pensar em outra coisa: você. Na verdade em você sempre pensei. Agora penso em nós. No que há de vir. Sei que não adianta pensar ou planejar nada: você sempre me surpreende. Então vou deixar que aconteça. E vai acontecer, alguma coisa vai acontecer e vai mudar tudo, mas por enquanto eu só quero ficar com a lembrança dos seus abraços e carinhos, e da sua voz dizendo "Eu já te disse que te amo hoje?", ou "Faz GRRRRR pra mim?". Você foi o meu Pedro quando eu mais precisei, e sei que posso esperar por esse Pedro de novo. Quero ficar aqui com as nossas músicas e as minhas saudades, com a lembrança do seu sorriso e da sua mão na minha. Com os suspiros, as vontades, os sonhos, os seus olhos, a sensação do mundo girando enquanto eu estava nos seus braços. Quero ficar com a espera e a lembrança. O resto, que venha. Quando quiser, quando puder, quando tiver que vir.
E que seja doce.

domingo, 26 de abril de 2009

mais uma canção.

Mal dormi essa noite de tanta ansiedade. E mesmo assim, quando acordei depressa com o despertador fazendo aquele barulho irritante, ainda não acreditava no que eu ia fazer.
Ia atrás de você. Não ia esperar você mostrar que queria, que eu devia, que isso faria diferença. Eu apenas ia. Sem esperar nada.
Claro que pensei mil coisas durante todo esse tempo em que planejei te ver. E você, como sempre, me surpreendeu.
Me arrumei depressa (o mais depressa que eu pude, juro). Fael veio me buscar na porta de casa.
- Tem certeza?
- Tenho.
Na verdade eu não tinha. Mas você sabe, eu nunca tenho. Só vou e faço.
E fiz.
Não lembro de nada que conversei com o Fael enquanto íamos pra rodoviária. Só consigo lembrar das mil coisas que pensei, dos textos planejados que eu falaria, de não olhar muito nos seus olhos pra não perder o foco, de todas as escapatórias pra todas as reações possíveis que você poderia ter (assim eu imaginava pelo menos).
Pegamos uma van, daquelas que os caras ficam gritando "Ouro Preto, Mariana!" na porta da rodoviária. Acho que tenho cara de quem vai pra Ouro Preto/Mariana, sério, sempre param na minha frente e ficam gritando só esses dois nomes. Um dia te levo pra Ouro Preto/Mariana comigo.
Enfim, a van era péssima. Apertada, abafada. Tanta gente feia e esquisita. O caminho também é péssimo, né. Cheio de curvas. Eu morrendo de medo e o Fael vomitando.
Demorou, mas chegamos. Paramos no lugar errado, pra variar. Achei que estava no meio do nada, em algum lugar esquecido no mundo. Só terra e mato!
Andamos e, depois do meu pé ficar todo sujo, encontramos um ponto com civilização. O Fael ligou pra sua mãe e disse onde estávamos, na esperança de você ir nos encontrar. O que acabou acontecendo foi ela oferecer que seu pai fosse buscar o Fael. Ninguém sabia que eu estava lá, e pelo menos por enquanto, eu não queria que soubessem. Inventamos umas coisas malucas, mas conseguimos fazer com que seu pai não fosse.
Andamos mais. Um ponto de ônibus! Ou pelo menos era isso que parecia. Demorou mais de meia hora, mas um ônibus passou. Pegamos ele mesmo, não sabíamos onde nenhum ia, de qualquer forma. Depois de conversar com o cobrador e uma menina com o sotaque engraçado, descobrimos que foi um bom palpite. Chegamos perto da sua casa.
Fazia calor demais. E eu pensando em ir com roupa de frio! Andamos mais, é, um tanto mais.
- É aqui.
Quando o Fael falou isso e me mostrou a casa com as grades cor-de-rosa, eu fiquei paralisada. A ficha tinha caído. Eu estava mesmo ali, parada na sua rua, com a idéia maluca de aparecer pra conversar com você depois de um ano sem nos vermos.
- E agora?
Perguntei realmente sem ter muita noção do que fazer. Não sabia se voce já tinha chegado em casa, se corria o risco de alguém da sua casa me ver parada ali com aquela cara de tonta e me reconhecer. Só sentia borboletas incansáveis no estômago.
- Vamos sentar aqui e esperar a mãe dele ligar, Fael. Quando ele chegar, ela deve ligar.
Eu não conseguia prender minha atenção em nada, nada. Mas também não conseguia mais criar textos absurdos sobre o que falaria com você. Só sabia que ia falar, e dali mesmo ia embora. Acho mesmo que só queria te ver.
O celular do Fael tocou. Eu fiquei inteira gelada. Ele colocou no auto-falante.
- Fael... onde você tá?
A sua voz tava diferente, grossa. Parecia irritado. Me intimidou um pouco.
- Desce que tô na esquina da sua rua.
Acho que o Fael também tava um pouco intimidado.
- É agora. - ele disse isso e olhou pra mim daquele jeito que passa força, que só ele sabe. - Tá pronta?
- Tô.
Eu não tava.
Nos abraçamos e ele foi em direção à sua casa. Olhava pra trás um pouco nervoso, fazendo gestos de que você não tava vindo. Aí ele fez um "sim" com a cabeça. E eu te vi chegando na esquina.
Minhas mãos estão tão geladas quanto estavam naquela hora.
Olhei pro outro lado. "É ele!"
Olhei pra vocês de novo. Não sei direito o que o Fael disse, mas você começou a vir na minha direção. Você estava vindo na minha direção. Isso ainda faz as borboletas voltarem pra cá.
Quando você chegou perto, tirei o óculos escuro pra te olhar melhor. E não deu pra fugir: fiquei perdida nos seus olhos. Você sorria. Essa é a reação que eu não esperei. Você sorria sinceramente, você teve vontade de me abraçar. E abraçou. Bem apertado, gostoso, macio.
Ficamos lá nos olhando, você se sentou ao meu lado. Eu não conseguia tirar os olhos de você, mesmo quando você olhava pro chão meio sem jeito. Tentava fingir que não estava sem saber o que fazer, mas eu te conheço, você sabe.
- Não mudou muito.
- Não? - você riu.
- Só um pouco. - ri também.- Demorou, mas eu vim.
- É... veio...
Você tava com aquele tom de voz gostoso. O tom que usava comigo no telefone quando dizia coisas bonitas.
As borboletas do meu estômago pareciam ter vindo do Alaska, de tão geladinhas. E você parecia o Pedro, o meu Pedro.
Falamos sobre coisas aleatórias, eu não consegui começar a falar de nós dois e você parecia não se sentir a vontade pra isso. Chamei o Fael, que estava um pouco distante, e ele voltou.
- Já conversaram?
- Já. - eu respondi correndo, não queria que ele falasse nada.
- Já? - ele se assustou.
- Calma, vocês tem o dia todo aqui. Dá pra conversar mais. - você disse algo assim, eu não lembro direito. Só lembro que desisti de ir embora. Por mim eu ficaria ali o dia todo, a semana toda, a vida toda.
- Tem algum lugar pra gente ir? Uma sorveteria? - tava com vontade de tomar sorvete. Meu estômago tava doendo depois de tanto tempo sem comer, pura ansiedade.
- Tem. - e você foi levando a gente pra uma loja atrás de um posto de gasolina, daquelas de conveniência. Não lembro de praticamente nada que falamos no caminho. Só lembro que perto do Fael, você me tratou diferente daquela primeira impressão que me passou. E que você continuava lindo.
Você ficava reclamando da ressaca, contando que tinha bebido todas na cavalgada que foi. Eu ficava te olhando enquanto chupava meu picolé cremoso de chocolate, sem me importar muito se você percebia o quanto eu te olhava. Um amigo me ligou e eu tive vontade de falar pra ele que queria sair correndo dali. Mas não falei.
Você tomando Gatorade pra recuperar a ressaca e eu fazendo o Fael beber comigo pra ficar mais leve.
Ficamos conversando, e eu comecei a te sentir distante. Foi dando vontade demais de ir embora, mas eu sabia que não podia. Não tinha feito nada do que me fez ir até você.
Te pedi pra nos levar em alguma pracinha. Andamos mais um monte, achei a cidade bonitinha. Parecia que eu estava em algum bairro aqui por perto mesmo, me sentia em casa. Chegamos naquele lugar onde tinha uma cascatinha e eu queria tirar mil fotos suas, de cada expressão do seu rosto que depois de tanto tempo voltava a ver. Pra disfarçar, tirei fotos do lugar, do Fael.
Fomos pra outra pracinha onde tinha o coreto. Sentei no meio do banco pra você não ter desculpas de sentar em alguma ponta longe de mim. Fiquei olhando suas pintinhas do rosto, ouvindo seus planos, morrendo de vontade de encostar em você, segurar a sua mão.
Você disse que queria ir pra França e eu fiquei assustada com a possibilidade de te perder de vez.
Ajeitei sua sobrancelha. Foi a forma mais idiota de encostar em você, mas eu precisava te sentir do jeito mais bobo que fosse. Você perdeu um pouco a concentração no que falava e o Fael deu uma risadinha.
Comecei a beber mais e mais rápido. O tempo tava passando e se continuasse daquele jeito eu ia embora chorando sem ter falado nada. Você parecia tão frio.
- Eu quero ir no banheiro. - comecei com a minha encheção de sempre.
- Naquele lugar da cascata tem banheiro.
Acho que seu primo te ligou, não lembro, não prestei muita atenção. Você se afastou e eu falei pro Fael que queria ir embora. Ele foi muito atencioso comigo durante todo o tempo; não sei o que teria feito se ele não estivesse ali.
Você chamou a gente pra ir pra um bar encontrar com seu primo. Fiquei teimando que não ia porque tava com vergonha, e você fez aquela cara de chato que só você sabe fazer.
Pensei "Já tô aqui mesmo e isso não vai dar em nada, ah, eu vou sim". E fui, né. Chegando lá, você ficou ainda mais estranho comigo, até no jeito de olhar. Fael me ajudou a encontrar o banheiro e você ficou lá com seu primo e um amigo. Já saí do banheiro falando que queria ir embora, e o Fael me dizendo que a gente nem tinha conversado ainda.
- Mas não precisa conversar. Deu pra ver que não precisa. Eu vi o que queria.
Era isso mesmo que eu queria. Ver que você tinha me esquecido, que eu não fazia mais diferença na sua vida. Assim eu conseguiria seguir a minha... livre.


(hoje isso já mexeu muito comigo. amanhã continuo)

quinta-feira, 23 de abril de 2009

ela é mara!

(clica que aumenta).




HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH

da série: músicas que falam por mim

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eu falo de amor a vida, você de medo da morte.
eu falo da força do acaso e você de azar ou sorte.
eu ando n'um labirinto e você n'uma estrada em linha reta.
te chamo pra festa, mas você só quer atingir sua meta. sua meta é a seta no alvo, mas o alvo na certa não te espera.
eu olho pro infinito e você de óculos escuros.
eu te digo 'te amo' e você só acredita quando eu juro.
eu lanço minha alma no espaço, você pisa os pés na terra.
eu experimento o futuro e você só lamenta não ser o que era.
e o que era, era a seta no alvo. mas o alvo na certa não te espera.
eu grito por liberdade! você deixa a porta se fechar.
eu quero saber a verdade e você se preocupa em não se machucar.
eu corro todos os riscos, você diz que não tem mais vontade.
eu me ofereço inteiro e você se satisfaz com metade.
é a meta de uma seta no alvo, mas o alvo na certa não te espera.
então me diz qual é a graça de já saber o fim da estrada quando se parte rumo ao nada...
[a seta e o alvo - paulinho moska]

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Caio Fernando Abreu.

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Ele gostava quando ela dizia sabe, nunca tive um papo com outro cara assim que nem tenho com você. Ela gostava quando ele dizia gozado, você parece uma pessoa que eu conheço há muito tempo. E de quando ele falava calma, você tá tensa, vem cá, e a abraçava e a fazia deitar a cabeça no ombro dele para olhar longe, no horizonte do mar, até que tudo passasse, e tudo passava assim desse jeito. Ele gostava tanto quando ela passava as mãos nos cabelos da nuca dele, aqueles meio crespos, e dizia bobo, você não passa de um menino bobo.




*suspiro*

sábado, 18 de abril de 2009

a alana me mandou...

Ao Amor da Minha Vida - Maitê Proença.


e né.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

da série: músicas que falam por mim

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nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia.
tudo passa, tudo sempre passará.
a vida vem em ondas como o mar... n'um indo e vindo infinito.
tudo que se vê não é igual ao que a gente viu há um segundo.
tudo muda o tempo todo no mundo.
não adianta fugir, nem mentir pra si mesmo agora
há tanta vida lá fora!
aqui dentro sempre... como uma onda no mar.
(como uma onda - lulu santos)

passado.

achei um blog meu de 2004/2005/2006 (jamais passarei o endereço, bjs). nossa! dá pra acreditar que muita coisa continua igual? já outras... mudaram tanto.
vou contar algumas coisas que tavam lá.
bom...
festinhas da faculdade do meu primo até amanhecer. hoje acho que todos os amigos dele eram pedófilos, só pode.
consegui meu primeiro emprego. dois meses depois a empresa faliu. sou sortuda desde sempre, percebem?
'sou mentirosa e dissimulada. quero que todos me amem'. fikdik desde sempre.
comecei a fazer trabalho voluntário com crianças. preciso voltar, sinto isso. lembrar.
fiquei louca por alguém que pensei que ficaria pra sempre comigo. pensei que me casaria com a letícia, que teríamos uma filha, que seria meu amor eterno.
nos vimos pessoalmente. 'sentir sua respiração era como ter a certeza de que EU estava viva'.
brigas e mais brigas com meu pai.
instabilidade de humor SEMPRE.
amizades malucas e infantis! jeni, mapi, fael, celso, bruna, raphael, vanessa, paulinha... sinto falta.
pensei que o celso ia pros eua. a kitty chegou.
uma maluca queria que eu fugisse pra morar na casa dela. nem sei que fim tomou.
conheci um anjo que depois chamaria de 'praguinha'. caiu sem asas na minha vida e fez o maior estrago. ainda faz, né, célia?
a morte do carioca. minha decepção com as pessoas.

terminou aí. nunca mais postei.
quem se arrisca a dizer as coisas que que continuam iguais?

da série: músicas que falam por mim

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te vejo errando e isso não é pecado, exceto quando faz outra pessoa sangrar.
te vejo sonhando e isso dá medo, perdido n'um mundo que não dá pra entrar.
você está saindo da minha vida e parece que vai demorar.
se não souber voltar, ao menos mande notícias. cê acha que eu sou louca, mas tudo vai se encaixar.
tô aproveitando cada segundo antes que isso aqui vire uma tragédia.
e não adianta nem me procurar em outros timbres, outros risos.
eu estava aqui o tempo todo; só você não viu.
você tá sempre indo e vindo... tudo bem, dessa vez eu já vesti minha armadura.
e mesmo que nada funcione eu estarei de pé, de queixo erguido.
depois você me vê vermelha e acha graça, mas eu não ficaria bem na sua estante.
só por hoje não quero mais te ver. só por hoje não vou tomar minha dose de você.
cansei de chorar feridas que não se fecham, não se curam.
essa abstinência uma hora vai passar.
(na sua estante - pitty)

Caio Fernando Abreu.

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eu disse que precisava sair contigo e comecei a pular em cima da cama e achei bom que fôssemos passear com chuva e não ficasse esperando o telefonema que não viria e a campainha que não tocaria e os astronautas que não voltariam a seu módulo sem nos esgotar inteiramente e a batalha que nos recusávamos a travar com eles e unimos nossas duas órbitas e deixamos os outros habitantes e visitantes espantados com a nossa retirada e nossa decisão e nossa contagem sete seis cinco quatro três dois um.




recebi uma mensagem com esse trecho hoje pela manhã. não precisava ser mensagem. mas foi assim. sem eu saber que ele lia caio. porque ele não é como todo mundo que fica tentando me agradar, tentando gostar do que eu gosto. ele não faz questão de ir no show do TM comigo. foi, sim. mas ficou lá quieto, só me defendendo dos socos alheios. não pulava, cantava de vez em quando, acho que era pro show não ser muito monótono. no caminho de volta pra casa viu que aquilo fazia meus olhos brilharem, e ficou falando bem da parte que ele se liga mesmo: a magia. a magia do show, no caso. mas ele é boa de magia. de fazer o inesperado acontecer.
e hoje... ele fez.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

mãe sabe o que fala.

- olha, filha, presta bem atenção nisso que a mãe vai te falar. eu te avisei que não era pra dar liberdades pra ele, né? agora nem adianta ter essa conversa. mas olha... homem apaixonado é muito apaixonado, sabe? fica mandando flor, escrevendo cartão, chorando no telefone. igual ele era assim com você, igual seu irmão era com a laís, lembra? lembra né hahahahaha quase bateu nela. a irmã dele também queria te bater? ah, ela era mais nova né.
mas filha, o que a mãe tá querendo te falar é que eles são muito apaixonados quando são apaixonados. mas depois acaba, sabe como? eles não ligam mais, não mandam flor e nem escrevem mais nada. é como se você tivesse sido só mais uma, entende? nem amizade eles gostam não. se não tivesse dado tanta liberdade, né, filha, aí quem sabe! tá, eu não vou ficar jogando isso na sua cara, pode parar de xingar já. só tô querendo te dizer que não adianta mais tentar recuperar nada. ele já esqueceu, aninha. ele já não lembra de nada. igual aquele filme que você gosta hahahaha bem feito. aconteceu ao contrário.


o menino bobo esqueceu a menina do cabelo laranjado dessa vez.




'e nossa história não estará pelo avesso, assim, sem final feliz. teremos coisas bonitas pra contar. e até lá... vamos viver! temos muito ainda por fazer. não olhe pra trás, apenas começamos. o mundo começa a agora... apenas começamos.'



[ ao som de 'mesmo que mude - bidê ou balde'. é sempre amor mesmo que acabe ]



oração irlandesa.

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Que as gotas da chuva molhem suavemente o seu rosto,
que o vento suave refresque seu espírito,
que o sol illumine seu coração,
que as tarefas do dia não sejam um peso nos seus ombros,
e que Deus envolva você no manto do seu amor.
Que a estrada se abra à sua frente,
que o vento sopre levemente em suas costas,
que o sol brilhe morno e suave em sua face,
que a chuva caia de mansinho em seus campos.
E até que nos encontremos de novo...
que Deus guarde você na palma de Sua mão.

Clarice Lispector.

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Meu Deus, me dê a coragem de viver 365 dias e noites todos vazios de tua presença
Me dê a coragem de considerar esse vazio como plenitude
Faça com que eu seja a tua amante humilde entrelaçada a ti em êxtase.
Faça com que eu possa falar com este vazio tremendo e receber como resposta o amor materno que nutre e embala.
Faça com que eu tenha a coragem de te amar, sem odiar as tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo.
Faça com que a solidão não me destrua
Faça com que minha solidão me sirva de companhia.
Faça com que eu tenha coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo.
Receba em teus braços
O meu pecado de pensar.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Caio Fernando Abreu.

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Não diz nada, você não diz nada. Apenas olha pra mim, sorri. Quanto tempo dura?

'não há novas mensagens'.

é como se essa voz ecoasse na minha cabeça a cada vez que penso em você. a cada vez que tenho uma mínima esperança.
ah, por que tudo não pode ser mais fácil?
te esqueço como me esqueceu. simples. fácil. tão menos doloroso.
me esqueceu... me esqueceu... esqueceu?
tenho minhas dúvidas. seria muita pretensão pensar que ainda pensas em mim? que ainda lembras do meu cheiro, do gosto do meu beijo, do jeito de morder o canto do teu lábio?
ou será que estou certa? que todas as tuas tentativas de me ignorar não passam de uma maneira vã de esconder o que sentes?
sentes falta. como eu.
não deixas novas mensagens... porque não tens coragem.
como encarar a situação: me amas como te amo ainda?
posso não causar mais arrepios ou frios pelo corpo. posso não ser quem aparece nos teus sonhos, posso não mais ser o motivo pelo qual tens vontade de viajar horas para sentir um abraço.
mas sou uma faísca prestes à se incendiar dentro de você.
por isso me evitas. porque sabes que com um mínimo sopro, não terá mais como fugir. que meu fogo, nosso fogo, não se apaga fácil.
ainda queimas em mim. e sei que o que sobrou de mim em você é capaz de incendiar todos os sentimentos bons, de fazer com que todos os ruins virem cinzas. sei que o que temos de um no outro é mais do que queríamos, mais do que surportamos.
e por isso guardo os beijos, as saudades, as esperas.
sei que um dia, quando não mais houver orgulhos e medos, poderei entregar tudo que guardei e senti por ti. e o que receberei será tão lindo quanto. sei que sim. e espero.

da série: músicas que falam por mim

ah, se já perdemos a noção da hora, se juntos já jogamos tudo fora,
me conta agora como hei de partir.
se ao te conhecer dei pra sonhar, fiz tantos desvarios,
rompi com o mundo, queimei meus navios...
me diz pra onde é que ainda posso ir.
se nós, nas travessuras das noites eternas, já confundimos tanto nossas pernas, diz com que pernas eu devo seguir.
se entornaste a nossa sorte pelo chão, se na bagunça do seu coração meu sangue errou de veia e se perdeu...
como, se na desordem do armário embutido, meu paletó enlaça seu vestido, e o meu sapato ainda pisa no teu?
como se nos amamos feitos dois pagãos? meus seios ainda estão nas suas mãos... me explica com que cara eu vou sair.
acho que estás te fazendo de tonta,
te dei meus olhos pra tomares conta,
agora conta como hei de partir.

(eu te amo - ana carolina)

não estou, bjs.

ando com uma preguiça imensa das pessoas.
e tenho também preguiça da vida. preguiça de viver.

não vale a pena sair de casa, pra que sairia então?
o mundo é mais bonito e menos chato visto da minha janela.
só eu me basto. tenho todos os defeitos que detesto e todas as qualidades que admiro.
sou geniosa, impulsiva, sincera, teimosa, intensa. até onde isso chega a ser defeito, onde começa a ser qualidade... eu não sei. mas mal me aguento. não preciso e nem quero aguentar mais ninguém.

sobram faltas e sobram desejos.
sobram também tédios intermináveis.
sobram hormônios. e insatisfação.
comigo. com você. com o mundo todo.
o que me falta mesmo é impulso.
impulso para exercer minha insana impulsividade.

ah, tô com preguiça. bjsnãomeliguem. é sério.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Caio Fernando Abreu.

"Andei pensando nesses extremos da paixão, quando te amo tanto e tão além do meu ego que - se você não me ama: eu enlouqueço, eu me suicido com heroína ou eu mato o presidente."


esse trecho me fez lembrar da discussão que levantei com uns amigos no msn.
a necessidade que o ser humano tem da reciprocidade em suas relações e sentimentos.
discutimos muito, filosofamos demais, deu até pra rir (né, celinha?), mas pra mim é claro: egoísmo.





e se eu disser que queria sentir seu abraço, seu coração batendo forte e suas mãos geladas entre as minhas essa noite?
e se eu disser que te beijaria com vontade, que apertaria seu corpo junto ao meu, que diria 'não vou te deixar ir nunca mais'?
e se eu disser que te quero, que te preciso, que não te deixo, que não permito que saias de dentro de mim, que não vais me abandonar nem que queiras, que me prendes e por isso te prendo?
e se eu disser que estou cansada, que só sua voz do outro lado da linha me bastaria, que incertezas não mexem mais com a minha imaginação?
e que te precisar vai bem mais além que te amar...

domingo, 12 de abril de 2009

pois embora fosse muito cedo,

começou a suspeitar que era também desesperadamente tarde demais.

desesperdamente tarde demais.
era o que ela pensava, o que ela sentia, a cada vez que tentava dizer pelo menos um pouco de tudo que guardava.
e-mail? carta? um telefonema na madrugada?
já pensara em tantas alternativas. mas a coragem corria pra longe a cada uma delas.
e o medo a abraçava. ele sabia abraçar bem. o medo.
o destinatário pra quem enviava tantos sentimentos diários também sabia abraçar bem. mas era um abraço mais quente.
ela ainda lembrava de sentir o coração do outro pulsando forte.
- tá batendo forte, sente.
- ele fica assim quando tô perto de você.
será que ainda ficaria?
será que os olhos ainda brilhariam ao se encontrar?
ah, queria perguntar.
- sente minha falta?
- sinto.
sonhava em ouvir aquilo. uma palavrinha só. às dez da noite. era um horário bom pra se falarem. não brigavam muito nesse horário. até disso ela se lembrava.
e lembrava também das brigas.
- você não me dá liberdade.
- tenho ciúme porque te amo demais.
amava demais. demais. demais.
ela ainda ama. e faz o que com esse amor que não pode, não consegue expressar?
guarda em mais uma de suas caixas. junto com:
- nossa filha vai ser linda.
e com:
- eu não viveria sem você.
tantas coisas que hoje não fazem mais sentido. pra ele.
guarda na caixa onde tem papéis de chocolate, embrulhos de presente, suspiros. guarda a lágrima de ontem. o amor de hoje. e de amanhã...
bem, de amanhã ela não sabe.

sábado, 11 de abril de 2009

da série: músicas que falam por mim

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ela vai mudar. vai gostar de coisas que ele nunca imaginou. vai gostar de ver que ele também mudou. pelo jeito não descarto uma nova paixão. mas espera que ele ligue à qualquer hora só pra conversar e perguntar se é tarde pra ligar. dizer que pensou nela, estava com saudade, mesmo sem ter esquecido o que passou.
ele vai mudar. escolher um jeito novo de dizer 'alô'. vai ter medo de que um dia ela vá mudar, que aprenda a esquecer sua velha paixão. mas evita ir até o telefone para conversar, pois é muito tarde pra ligar. tem pensado nela, estava com saudade, mesmo sem ter esquecido que é sempre amor mesmo que acabe. com ele aonde quer que esteja.
é sempre amor mesmo que mude. é sempre amor mesmo que alguém esqueça o que é amor.
(pra ele. mesmo que mude - bidê ou balde)m

da série: músicas que falam por mim

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ela entrou e eu estava ali, ou será que eu fui eu que ali entrei sem sequer perdir a menor licença?
ela de batom caqui, com os olhos olhava o que? eu não sei.
olhos de águas vindas de outros oceanos.
ela me olhou bem. quem sabe com ela eu veria as tardes que sempre me passaram como imagens, como invenção?
e se eu não posso ter, eu fico imaginando. eu fico imaginando.
ela amou o que estava ali, ou será que foi dela o que eu já amei como os laços fixos de uma residência?
ela 'alô' e eu não reagi: com os olhos olhava o que eu lembrei quando andava indo em outra direção.
ela me olhou bem. quem sabe com ela eu veria as tardes que sempre me faltaram, como miragens, com ilusão.
ela andou e eu fiquei ali, ou será que fui eu que ali mudei com os passos mudos de uma reticência...
(ali - skank)

a conversa mais produtiva da semana

Ana. diz:
se eu tivesse esses olhos, cada piscada ia ser um flash

Ana. diz:
HUASHUASHUASHUASHUASHUAHU

aline. diz:
ssjçsasdaosdkap´sdakdsp´ksdak´psdap´kds´kpadpspdsp´sdap´ksdap´sdap´ksadp´kdsap´kdskapdspk´ksdpá´pksda

aline. diz:
choreeei

fofurinha.

Ana. diz:
hahahahah ninguém me merece, gentche.

aline. diz:
merece sim!

aline. diz:
eu mereço

Ana. diz:
pelo menos eu te faço rir, num é? hahahahahahaha

aline. diz:
faaaaaaaaaaaaaz!

aline. diz:
isso é muito bom

aline. diz:
num mundo de gente chata e sem graça

Ana. diz:
quem te diria às 12h40 de um sábado que gosta de homem bêbado porque (proibido pro horário)?

Ana. diz:
por isso a celinha gosta tanto de mim, hahahaha

aline. diz:
por isso TODO MUNDO gosta tanto de vc



e é por isso que eu apóio e mordo!

da série: músicas que falam por mim

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I never loved nobody fully
always one foot on the ground
and by protecting my heart truly
I got lost in the sounds
I hear in my mind
all these voices
I hear in my mind all these words
I hear in my mind all this music
and it breaks my heart
and it breaks my heart
and it breaks my heart
It breaks my heart
and suppose I never ever met you
suppose we never fell in love
suppose I never ever let you kiss me so sweet and so soft
suppose I never ever saw you
suppose we never ever called
suppose I kept on singing love songs just to break my own fall
just to break my fall
just to break my fall
break my fall
break my fall
all my friends say that of course its gonna get better
gonna get better
better better better better
better better better
(fidelity - regina spektor - viciei *-*)

da série: músicas que falam por mim

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eu sei, você já parou de contar as estrelas do céu e eu não. e eu não posso mais te ajudar a dizer onde estão. seu olhar pesado me prende ao solo, e eu sei que eu não posso mais flutuar entre estrelas do céu que você apagou.
falta um pouco de luz nos seus olhos e me dá saudade seu rosto brilhando ao sol. falta um pouco de amor no seu corpo, e eu não posso te dar pois em mim faltará também, pois em mim faltará também.
talvez se a gente encontrasse um lugar pra recarregar nosso amor, então quem sabe eu pudesse enxergar vida no que nos restou. e essa estrela morta brilharia a um sol!
meu bem, o pouco que eu posso te dar é tudo que eu já te dei e que não te bastou.
eu sei que você vê tudo que eu faço; eu sei que você lê tudo que escrevo... escrevo pra você.
(estrelas - ludov)

da série: músicas que falam por mim

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sei que há contas pra pagar, e há razões pra terminar. a semana toda ficou para trás, ela tem trabalhado demais.
como seria melhor se não houvesse refrão nenhum... mas há!
e no seu apartamento ela se esquecia de tudo.
parecia uma princesa: não se importava com o resto do mundo e largava os pés em cima da mesa.
não havia contratempos. ela segurava o seu coração e largava as roupas pelo chão.
(princesa - ludov)

da série: músicas que falam por mim

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como pode ser gostar de alguém e esse tal alguém não ser seu?
fico desejando nós gastando o mar, pôr-do-sol postal, mais ninguém.
peço tanto à Deus para esqueucer, mas só de pedir me lembro!
minha linda flor, meu jasmim séra... meus melhos beijos serão seus.
sinto que você é ligado a mim: sempre que estou indo, volto atrás.
estou entregue a ponto de estar sempre só esperando um 'sim' ou 'nunca mais'.
é tanta graça lá fora, passa o tempo sem você... mas pode sim, ser sim amado... e tudo acontecer.
sinto absoluto o dom de existir, não há solidão nem penar. nessa doação, milagres do amor, sinto uma extensão divina.
eu quero dançar com você, dançar com você...

da série: músicas que falam por mim

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faz tempo que eu me perdi de você.
guardo pra te dar as cartas que eu não mando; conto por contar, e deixo em algum canto.
eu vi alguns amigos tropeçando pela vida, andei por tantas ruas; são histórias esquecidas que um dia eu quis contar pra você.
eu fico imaginano sua casa, seus amigos, com quem você se deita, quem te dá abrigo...
eu me lembro que eu já contei com você.
e as pilhas de envelopes já não cabem nos armários, vão tomando meu espaço, fazem montes pela sala.
e hoje são a minha cama, minha mesa, meus lençóis...
e eu me visto de saudades do que já não somos nós.

da série: músicas que falam por mim

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se eu tivesse a força que você pensa que eu tenho
eu graavria no metal da minha pele o seu desenho.
feitos um pro outro, feitos pra durar
uma luz que não produz sombra.

Caio Fernando Abreu.

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Tenho aprendido muito com o jardim. Os girassóis, por exemplo, que vistos assim de fora parecem flores simples, fáceis, não são. Girassol leva tempo se preparando, cresce devagar enfrentando mil inimigos, ventos destruidores, até que o botãozinho parece que já vai abrir. E quando abre flor, geralmente despenca. O talo é frágil demais para a própria flor. Então, como se não suportasse a beleza que ele mesmo engendrou, cai por terra, exausto da própria criação esplêndida.

autor desconhecido.

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Desconfio que envelheci. E talvez envelhecer seja saber escolher. Algumas coisas, não topo mais. Como sair de uma festa escura e esfumaçada me sentindo estranha por não ter ficado até alta madrugada. Não preciso provar mais nada pra ninguém. Nem pra mim mesma.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

and if you go...

i wanna go with you...
and if you die, i wanna die with you...
take your hands and walk away....



caco de vidro no chão.

Eu não consigo (mais) admirar alguém tão fraca e com princípios tão baixos como os seus, na verdade, suas verdades são baseadas em mentiras, ilusões de um mundo doce, impulsos. Nada em específico em relação ao que digo e direi, eu não sei de nada pra fazer um julgamento em relação a isso, eu tenho realmente é pena de tudo o que consigo ver em você, apenas isso.

Se ainda acha que sou capaz de sentir algum sentimento por você onde a definição seja parecida com 'querer ser igual', acredite, não tem nada em você que seja atrativo à minha pessoa, não mais, mas se fizer bem pro seu ego acreditar nisso, ok. Além de futilidades como estética, exterior, existe o que há dentro de nós mesmos, e esse é o que eu realmente procuro copiar nas pessoas e nisso, você realmente não tem nada que eu possa abduzir, é oco, sem conteúdo.


Pra me lembrar de não sentir pena. De não voltar atrás. De não dar segunda chance. De não deixar que as pessoas pisem em mim. De não deixar que as pessoas pisem em mim. De não deixar que as pessoas pisem em mim. De não deixar que as pessoas pisem...



"E eu não passo de uma promessa. Mas sou estrela. Sinto que sou estrela. Espatifada. Sou caco de vidro no chão."
(Clarice)