domingo, 12 de abril de 2009

pois embora fosse muito cedo,

começou a suspeitar que era também desesperadamente tarde demais.

desesperdamente tarde demais.
era o que ela pensava, o que ela sentia, a cada vez que tentava dizer pelo menos um pouco de tudo que guardava.
e-mail? carta? um telefonema na madrugada?
já pensara em tantas alternativas. mas a coragem corria pra longe a cada uma delas.
e o medo a abraçava. ele sabia abraçar bem. o medo.
o destinatário pra quem enviava tantos sentimentos diários também sabia abraçar bem. mas era um abraço mais quente.
ela ainda lembrava de sentir o coração do outro pulsando forte.
- tá batendo forte, sente.
- ele fica assim quando tô perto de você.
será que ainda ficaria?
será que os olhos ainda brilhariam ao se encontrar?
ah, queria perguntar.
- sente minha falta?
- sinto.
sonhava em ouvir aquilo. uma palavrinha só. às dez da noite. era um horário bom pra se falarem. não brigavam muito nesse horário. até disso ela se lembrava.
e lembrava também das brigas.
- você não me dá liberdade.
- tenho ciúme porque te amo demais.
amava demais. demais. demais.
ela ainda ama. e faz o que com esse amor que não pode, não consegue expressar?
guarda em mais uma de suas caixas. junto com:
- nossa filha vai ser linda.
e com:
- eu não viveria sem você.
tantas coisas que hoje não fazem mais sentido. pra ele.
guarda na caixa onde tem papéis de chocolate, embrulhos de presente, suspiros. guarda a lágrima de ontem. o amor de hoje. e de amanhã...
bem, de amanhã ela não sabe.

1 comentários:

Anônimo disse...

nunca é tarde, nem tão cedo.