sexta-feira, 18 de setembro de 2009

ali.

- Não gosto quando seus olhos ficam assim perdidos...
- Perdidos?
- É. Fixos em lugar algum. Parece que assistem um filme que não consigo ver.
- O filme tá passando aqui dentro, ó.
- Aposto que é um filme de drama - Ele sorriu e fez carinho nas mãos dEla.
Ela também sorriu. Apertou suas mãos nas dEle, como se procurasse segurança.
- É, pode-se dizer que é um drama sim. Daqueles que fazem meninas bobas como eu chorar e chorar e chorar...
- Você não é mais uma menina que chora à toa. Você é uma mulher forte.
- Não... Não sou. Talvez seja o que demonstro, talvez seja o que eu devia ser...
- Você se engana bem nesse ponto. Acha que transparece ser forte enquanto se quebra por dentro. E é completamente o contrário...
- Então você me vê como uma pessoa fraca? - os olhos dEla saíram do 'lugar nenhum' e se fixaram nos olhos dEle.
- Não é isso. Mas vê-se que você é frágil, delicada - por um momento Ele perdeu o raciocínio enquanto a observava ajeitar os cabelos. - Você é doce. E logo dá pra notar também a mulher forte que impera aí dentro. Que enfrenta o mundo em busca do que quer.
- Mas o que eu quero? Eu não sei.
- Pode até não ter certeza agora, ninguém tem certeza o tempo todo. Mas sempre que sabe, vai logo conquistar.
Ela fechou os olhos, respirou fundo. Abriu os olhos lentamente como se não quisesse enxergar o mundo de fora, só o de dentro. Encontrou os olhos dEle sorrindo, aqueles que eram verdes e agora também eram de todas as cores. Ela chegou mais perto dEle, encostou a cabeça em seu peito e sentiu seus braços a envolvendo.
- Ah... Como tudo podia ser mais fácil... Todo dia deveria ser sábado com sol claro e céu limpo. Toda amizade deveria ser como aquelas da adolescência, com diários trocados e brigadeiro de colher assistindo filme. Os segredos deviam ser guardados. Toda vez que as famílias se reunissem deveria ser como ceias de Natal. Todo amor deveria ser eterno...
- E quem disse que não é? Todo amor é 'pra sempre'. Só não é como pintam por aí, nas histórias infantis. - Ele notou que Ela se aconchegava mais no seu peito e segurava suas mãos com força, se protegendo de algo que Ele não sabia o que era.
- Do que você tem tanto medo?
- Eu não sei. - Ela olhava o céu e tentava se fixar no brilho das estrelas.
- Você se protege demais... Eu não consigo entender. Se fecha, se recolhe, se ausenta. Por que?
Ele não ouviu nenhuma palavra como resposta, apenas um suspiro longo.
- Posso soar piegas... Mas a vida...
- Não quero falar da vida. - Ela fez um carinho leve nas mãos dele, delicada. - Continua me falando do amor.
Ele aproximou seu rosto do dEla. Os dois fecharam os olhos. Fizeram carinho de um rosto no outro.
- O amor pode durar muito mais. - Sussurou no ouvido dEla. - É só você permitir que ele entre e permaneça. É só você deixar. Deixa?

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